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Data centers e risco de apagões no inverno norte-americano
Tecnologia

Data centers e risco de apagões no inverno norte-americano

20 de nov. de 2025
4 min de leitura
7 visualizações
Por Davi Manoel

Salve Geeks, como vocês estão? O crescimento acelerado dos data centers está puxando a demanda por eletricidade para cima na América do Norte e pode aumentar o risco de déficits locais durante ondas de frio prolongadas, segundo a autoridade que avalia a confiabilidade da rede elétrica.

Por que os data centers influenciam a rede

Os data centers consomem energia de forma contínua para manter servidores, refrigeração e sistemas de redundância. Ao contrário de picos residenciais que acontecem em horários específicos, essa carga constante reduz a flexibilidade operacional da rede: quando muitas instalações de grande consumo se concentram numa mesma região, a margem entre oferta e demanda encolhe.

O cenário para este inverno

A North American Electric Reliability Corporation (NERC — Winter Reliability Assessment) aponta que a demanda de eletricidade na América do Norte pode subir cerca de 2,5% em relação ao ano anterior, algo em torno de 20 gigawatts, uma taxa maior do que os crescimentos anuais recentes (em torno de 1% ou menos). Parte relevante desse incremento vem da expansão de data centers, especialmente no Meio-Atlântico, Oeste e Sudeste dos EUA.

O caso do Texas e o histórico de 2021

O Texas é destacado no relatório por um risco contínuo de déficits, em parte porque muitos data centers estão se instalando no estado. Os texanos ainda lembram os apagões causados pela onda de frio de fevereiro de 2021, quando interrupções em usinas a gás e alta demanda por aquecimento provocaram falhas generalizadas — um episódio documentado por veículos como o The New York Times sobre o apagão de 2021.

O papel das baterias de armazenamento

Muitas redes estaduais, incluindo o Texas, adicionaram sistemas de armazenamento por bateria (BESS — Battery Energy Storage Systems) desde 2021. Essas baterias conseguem responder rapidamente a flutuações e suprir energia por algumas horas, o que é útil para picos de curta duração. No entanto, apabila a demanda extra for sustentada por dias seguidos, manter todas as baterias carregadas e garantir energia para consumidores críticos e data centers se torna um desafio.

O que significa “baterias por algumas horas”

Na prática, a maioria dos BESS comerciais oferece respaldo por horas, não por dias — similar a um UPS grande para um rack de servidores, mas em escala de rede. Isso é suficiente para cobrir picos noturnos, mas menos eficaz se a demanda permanecer alta por longos períodos.

Como operadores e grandes consumidores podem responder

  • Importar eletricidade entre regiões quando disponível;
  • Acionar contratos de resposta à demanda, pedindo que grandes consumidores reduzam carga temporariamente;
  • Priorizar suprimento para serviços críticos e, em último caso, implementar rodízio controlado (apagões programados) para evitar colapso generalizado.

Prós e contras das soluções atuais

  • Prós: Baterias oferecem resposta rápida; diversificação energética aumenta resiliência; comunicação entre operadores melhora logística.
  • Contras: Armazenamento tem duração limitada; grande concentração de carga em regiões específicas reduz margem de manobra; infraestrutura de gás e renováveis também tem vulnerabilidades climáticas.

Perguntas frequentes

  • Os data centers vão causar apagões por si só? Não isoladamente. Eles aumentam a demanda contínua, o que reduz as folgas da rede e pode agravar riscos durante eventos extremos.
  • As baterias resolvem o problema? As baterias ajudam a cobrir curtos períodos e a reagir a oscilações rápidas, mas sua autonomia costuma ser de horas, não dias.
  • O que usuários e pequenas empresas podem fazer? Práticas simples como priorizar cargas críticas, usar backup local (no-breaks) e adotar eficiência energética reduzem pressão na rede.

Se o inverno transcorre sem tempestades severas, a NERC estima condições estáveis para a maioria das regiões. Ainda assim, com quatro tempestades severas nos últimos cinco anos, a organização alerta para a necessidade de preparação e coordenação entre operadores, reguladores e grandes consumidores para evitar que picos de demanda e falhas de oferta resultem em apagões generalizados.

Fontes: Avaliação de Confiabilidade da NERC; reportagem do The New York Times sobre o apagão do Texas em 2021.

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