Salve Geeks, o que rolou?
Salve Geeks, agentes compradores como o Comet, assistente de compras da Perplexity, entraram no centro de uma disputa legal depois que a Amazon exigiu que a startup removesse ou identificasse esse tipo de agente em seu site, alegando violação dos termos de serviço da Amazon. A Perplexity diz ter recebido uma carta de cessar e desistir e publicou críticas públicas à abordagem da varejista.
Contexto e posições das empresas
Segundo a Perplexity, seu Comet age em nome de instruções de um usuário humano, portanto teria “as mesmas permissões” daquele usuário para navegar e comprar. A empresa chegou a publicar um texto crítico sobre a ação da Amazon.
Por outro lado, a Amazon respondeu apontando que terceiros que agem em nome de clientes normalmente se identificam — exemplos citados incluem apps de entrega e agências de viagem — e defende que os provedores de serviço têm o direito de decidir se aceitam ou bloqueiam agentes externos. A declaração completa da Amazon está disponível em sua página oficial: declaração da Amazon sobre Perplexity e Comet.
O que é um "agente" ou navegador agentivo?
Um agente (ou navegador agentivo) é um software que realiza tarefas em nome de um usuário — por exemplo, buscar itens, comparar preços ou finalizar uma compra. Tecnicamente, esse agente pode interagir com um site da mesma forma que um navegador humano, mas a diferença chave costuma ser a identificação: sites esperam ver cabeçalhos e sinais que indiquem se o pedido vem de um humano ou de um bot.
Termos técnicos rápidos:
- Scraping: coleta automatizada de conteúdo de páginas web.
- User‑agent: cadeia enviada pelo cliente (navegador/robot) que ajuda o servidor a identificar a origem do acesso.
- robots.txt: arquivo que indica quais bots o site permite ou bloqueia (não é lei, mas é um padrão respeitado por bons cidadãos da web).
Por que a Amazon se preocupa?
Do ponto de vista da Amazon, agentes que não se identificam podem driblar políticas de uso, afetar experiência do usuário e prejudicar modelos de monetização — especialmente quando a plataforma ganha receita com anúncios e posicionamento de produtos. A empresa também tem tecnologias próprias de compra automatizada, o que torna sensível qualquer comportamento que reduza conversões ou torne menos previsível o comportamento de compra.
O argumento da Perplexity
A Perplexity defende que, se o agente age sob comando direto do usuário, ele deve herdar as permissões desse usuário. Em outras palavras, para a startup, a ação é uma extensão do usuário humano, e a exigência de identificação seria desnecessária ou restritiva para a experiência agentiva.
Histórico: controvérsias anteriores
Essa disputa não surge do nada. Em agosto de 2025, a Cloudflare publicou uma investigação acusando Perplexity de acessar conteúdos de sites que explicitamente bloqueavam raspagem por IA. Houve defesas e críticas públicas — alguns argumentaram que agentes que respondem a consultas específicas estão apenas fazendo o que um navegador humano faria; outros apontaram métodos questionáveis usados por alguns agentes para ocultar sua identidade (por exemplo, mascarar o user‑agent).
Implicações práticas para usuários e lojas
- Privacidade e responsabilidade: quem responde por uma compra feita por um agente — o usuário, o provedor do agente ou a plataforma?
- Publicidade e receitas: agentes que compram apenas com base em instruções objetivas podem ignorar anúncios e upsells, reduzindo receita de plataformas que dependem de posicionamento pago.
- Segurança: sites podem ser forçados a impor autenticações mais rígidas para confirmar que o humano está por trás da compra.
Possíveis desfechos e alternativas técnicas
Algumas soluções técnicas e de mercado podem amenizar o choque entre agentes e plataformas:
- APIs oficiais de compra: marketplaces poderiam oferecer endpoints que permitam agentes autorizados a comprar de forma transparente.
- Identificação padrão para agentes: um cabeçalho ou token padronizado que indique "agent acting on behalf of user".
- Modelos de negócios híbridos: provedores de e‑commerce e agentes negociam regras para preservar monetização e experiência.
Perguntas frequentes
O que significa "identificar um agente"? Significa que o software informa ao site que a requisição vem de um agente automatizado que age em nome de um usuário — via user‑agent, token ou API dedicada.
Sites podem bloquear agentes? Sim. Plataformas podem bloquear acessos que violem termos ou usar mecanismos técnicos para detectar e impedir automações não autorizadas.
Isso afeta compras de pessoas comuns? Por enquanto, usuários típicos não são diretamente afetados — mas se agentes se popularizarem, lojas provavelmente ajustarão fluxos de compra e autenticação.
Leitura recomendada
- Declaração oficial da Amazon sobre o caso.
- Investigação da Cloudflare relatada pelo TechCrunch sobre raspagem e identificações de bots.
O impasse entre Amazon e Perplexity expõe uma tensão real: como equilibrar conveniência agentiva, transparência e modelos de negócio dos marketplaces? A resposta provavelmente envolverá padrões técnicos e acordos comerciais — e, claro, um pouco de diplomacia entre gigantes e startups.
